Eles deixaram as famílias em Serrinha, na Bahia, e sonharam com um novo rumo de vida pra cada menino, mulher. Agora vai ter comida, roupa, escola. Sonharam. Da Serrinha para as Gerais, foi fácil. Um contrato para trabalhar numa obra e ganhar um dinheirão: uns mil e quinhentos reais. Um recomeço, um novo futuro pra ficar distante da pobreza. Sonharam. Os olhos até brilharam. É pegar ou largar, disse o patrão: a oferta é boa: um salário para enviar para a família todo mês e todo o tempo que durar a obra. Esperança de um lado, falta de caráter do outro. De repente os sonhos se perderam nas Gerais. Sem esperança e muito menos dignidade, retornaram. Um inferno. Nem cama, nem comida. Chão sujo, muita miséria. Pior do que Serrinha. Alguns partiram de volta, outros ficaram, só que desta vez sem sonhos..
É antiga a exploração de trabalho em Minas. A história se repete, sempre. Estamos em 2012, temos constituição, Ministério Público de olho. Dos R$1.500 prometidos aos trabalhadores de Serrinha pela Camargo Corrêa, para obras em Sete Lagoas , eles recebiam apenas 200 por mês, após descontos com a alimentação, moradia e transporte. Além de tanto desrespeito, os trabalhadores não recebiam horas extras, cestas básicas e não tinham equipamento de segurança.
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