rapa de angu é um bom tira gosto - foto da Leticia Caetano

terça-feira, 28 de junho de 2016

Poesia curta

E se você voltasse?
com um queijo
pode ser
com um beijo?
hum.......

Inverno das Artes



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Na segunda edição do Inverno das Artes a Fundação Clóvis Salgado traz a Belo Horizonte importantes artistas da atual cena contemporânea. Gilberto Gil & Jorge Mautner, Tom Zé, Arrigo Barnabé, Eduardo Dussek e a vencedora do 27º Prêmio da Música Brasileira como Cantora Revelação, Simone Mazzer. Também na grade, nomes como Lineker e Duda Brack, promissores artistas da MPB.
Para dar início à festa, no dia 1º de julho, o Coral Cidade dos Profetas, de Congonhas, realiza um concerto com músicas barrocas. No dia seguinte, acontece o aguardado show Eviscerados, inédito na cidade, com Cida Moreira e Filipe Catto no Grande Teatro do Palácio das Artes.
A proposta é fomentar a cultura no mês de julho em Belo Horizonte e transformar o Inverno das Artes em uma referência para a cidade garantindo, anualmente, programação variada com artistas reconhecidos por seu trabalho autoral e independente.


NOVIDADES LITERÁRIAS
Uma importante atividade literária foi incluída no 2º Inverno das Artes. Trata-se da homenagem ao escritorGuimarães Rosa pelos 70 anos do livro Sagarana e pelos 60 anos dos livros Corpo de Baile e Grande Sertões: Veredas. Essa homenagem ao escritor acontecerá em três eventos distintos, nos quais serão apresentados projetos que relembram vida e obra de Guimarães, interpretados pelo cantor e compositor Celso Adolfo emMúsica para Sagarana, no primeiro evento, e Rosas para João, interpretado por Renato Motha e Patrícia Lobato no segundo evento, que contará ainda com exposições teóricas feitas pelo professor de literatura e mestre Alexandre Castro.
A terceira atividade será contação de histórias pelos integrantes do Grupo Miguilim reunindo contos retirados da obra de João Guimarães Rosa. O projeto Miguilim é gerido pela Associação de Amigos do Museu Casa Guimarães Rosa, de Cordisburgo, e tem o objetivo de divulgar a obra Roseana e tornar mais atraentes as visitas ao Museu.
CLIQUE E CONFIRA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA
EVENTO
2º Inverno das Artes
DATA
De 01 de Julho, Sexta a 01 de Agosto, Segunda
LOCAL
Palácio das Artes
INFORMAÇÕES PARA O PÚBLICO
(31) 3236-7400


O Brasil tem jeito? Leonardo Boff

O Brasil tem jeito? Para cada problema, sempre há uma solução


Leonardo Boff

 Quem olha a cena político-social-econômica atual se pergunta sinceramente: o Brasil tem 

jeito? Um bando de ladrões, travestidos de senadores-juízes, tenta, contra todos os argumentos

 em contrário, condenar uma mulher inocente, a presidente Dilma Rousseff, contra a qual não há

 nenhuma acusação de apropriação de bem público ou de corrupção pessoal.

Com as recentes delações premiadas, ficou claro que o problema não é a presidente, é a Lava Jato, que, para além das acusações seletivas contra o PT, está chegando à maioria dos líderes da oposição. Todos, de uma forma ou outra, se beneficiaram das propinas da Petrobras.

Ninguém aliena nada de seus bens para financiar uma campanha. Nem precisa: existe a mina do caixa 2, abastecida pelas empresas corruptoras, que cria corruptos a troco de vantagens posteriores em termos de grandes projetos, geralmente superfaturados.

Estamos efetivamente num voo cego. Ninguém sabe para onde vai esta nação, a sétima economia do mundo, com jazidas de petróleo e gás das maiores do mundo e com uma riqueza ecológica sem comparação, base da futura economia. Assim como se delineia a correlação de forças, não vamos a lugar nenhum, senão a um eventual conflito social.

O pobre, a maioria da população, se acostumou a sofrer e a encontrar saídas como pode. Mas chega um ponto em que o sofrimento se torna insuportável. Então, diz: “Assim não pode ser; temos que nos rebelar”.

Isso me faz lembrar um bispo franciscano do século XIII, da Escócia, que, recusando os altos impostos cobrados pelo papa, respondeu: “Não aceito, me recuso e me rebelo”. E o pontífice retrocedeu. Não poderá ocorrer algo semelhante entre nós?

Quando, nas palestras, fazendo um esforço imenso para deixar um laivo de esperança, me dizem que sou pessimista, respondo com Saramago: “Não sou pessimista; a realidade é que é péssima”. Efetivamente, a realidade está sendo péssima para todos, menos para as elites endinheiradas.

O grave é que estamos faltos de lideranças. Abstraindo o ex-presidente Lula, cujo carisma é inconteste, apontam dois, Ciro Gomes e Roberto Requião, para mim as únicas lideranças fortes que têm a coragem de dizer a verdade e pensam no Brasil mais do que nas disputas partidárias.

Essa crise tem um pano de fundo nunca resolvido em nossa história. Somos herdeiros de séculos de colonialismo, que nos deixou a marca de “vira-latas”, sempre dependendo dos outros. Pior ainda é a herança secular do escravismo, que fez com que os herdeiros da casa-grande se sintam senhores da vida e da morte dos negros e pobres. Não basta lançá-los nas periferias; há que desprezá-los e humilhá-los. E a classe média, que imita os de cima, tolamente se deixa manipular e inocentemente se faz cúmplice da horrorosa desigualdade social.

Essas elites conquistaram os meios de comunicação de massa golpistas e reacionários, que funcionam como azeite para sua maquinaria de dominação. Essas elites nunca quiseram a democracia, apenas aquela de baixíssima intensidade, que podem comprar e manipular; preferem os golpes e a ditadura. Hoje, já não é mais possível pelas baionetas. Excogitou-se outro expediente: o golpe vem por uma artificiosa articulação entre políticos corruptos, o Judiciário politizado e a repressão policial.

Direi como Martin Heidegger: “Só um Deus nos poderá salvar?” Marx talvez seja mais modesto e verdadeiro: “Para cada problema, há sempre uma solução”. Deverá surgir uma para nós.


No caminho tinha....







Dica do Álvaro


Deborah Zanforlin (à esq.) desenvolveu chip que detecta sinais de 18 tipos de câncer em estágio inicial

Pernambucana desenvolve chip capaz de detectar 18 tipos de câncer em exame de 15 minutos
 Natural de Caruaru, agreste de Pernambuco, a biomédica e professora universitária Deborah Zanforlin desenvolveu um dispositivo que promete revolucionar o diagnóstico precoce do câncer.O chip é capaz de detectar 18 tipos da doença no estágio inicial, através de um exame de sangue que fica pronto em apenas 15 minutos e mapeiar marcadores sanguíneos liberados por células cancerígenas nos estágios iniciais da doença. O diagnóstico precoce do paciente aumenta as chances de cura para 70%.

Outro ponto importante é que o chip não libera radiação. O sistema também é portátil e pode ser levado com facilidade para cidades do interior, onde o acesso o acesso ao diagnóstico e ao tratamento é difícil.

Jazz até dezembro: 'Savassi Festival' com shows


 Dessa vez, o festival, que tem sua base fincada no jazz, não se limitará aos seus 11 dias de programação e vai aconteceu até dezembro com  shows e workshops ao longo do ano.  Nessa  14ª edição cresceu em tamanho e proporcionará aos espectadores algumas boas novidades musicais. Caso do trio Niemeier, formado pelo DJ e produtor musical Anderson Noise e os músicos do Skank Henrique Portugal e Lelo Zaneti. Juntos eles mesclam música eletrônica, jazz e bossa nova, num encontro que será testado pela primeira vez dentro do festival
Pela segunda vez acontece o “Jazzinho – O Jazz para Crianças”, que abrirá espaço para a formação, com Felipe José apresentando o repertório de Hermeto Pascoal para o público infantil e show dos alunos das escolas Alegretto e Pró-Music Jazz Band. 

Lançamentos de disco também integram a programação do “Savassi Festival”, que não deixará de ocupar seus locais tradicionais: a rua Antônio de Albuquerque (neste domingo e no dia 3/7), a praça Duque de Caxias (2/7) e as praças da Liberdade e Floriano Peixoto (3/7)

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Festival de cinema francês já começou....


Até o dia 22 De junho, uma nova safra da produção francesa inédita alegra os belorizontinos
 Filme premiado em Cannes, longa protagonizado por vencedor de Oscar e produção com os atores mais admirados da França. Esses são alguns dos pontos altos da edição 2016 do Festival Varilux de Cinema Francês. Neste ano, o festival ganhará uma semana a mais de exibição em relação à edição anterior – ficará em cartaz de 8 a 22 de junho em 50 cidades brasileiras. Ao todo, a programação contará com 15 filmes inéditos e um grande clássico do cinema francês.
O premiado ator francês Omar Sy, que ficou conhecido e admirado mundialmente por sua atuação em “Intocáveis”, poderá ser visto novamente, agora em Chocolate, interpretando o primeiro artista circense negro na França da Belle Époque, no filme de Roschdy Zem, que virá ao país para apresentar o longa. O festival exibirá também o filme, seleção oficial do Festival de Cannes 2015, Meu Rei, de Maïwenn, drama com as estrelas Vincent Cassel e Emmanuelle Bercot, premiada com a Palma de Ouro de melhor atriz. E o ator vencedor do Oscar Jean Dujardin volta às telonas em Um Amor à Altura, comédia romântica de Laurent Tirard. Na produção, Dujardin ajudará a personagem de Virginie Efira a encontrar seu telefone celular perdido e essa história tomará um rumo inesperado.
Ao diretor Roschdy Zem, se juntam o diretor Philippe Le Guay (Pedalando com Molière), que traz a comédiaFlórida, com Sandrine Kiberlain e Jean Rochefort, dois ícones de gerações diferentes do cinema francês, inspiração para o cartaz dessa edição do festival. O também diretor Bruno Podalydes, que, além de escrever e dirigir, ainda atua no papel principal da comédia Um Doce Refúgio, e a atriz Lou de Laâge (Respire), que interpreta uma médica francesa da Cruz Vermelha atendendo sobreviventes da Segunda Guerra até chegar a um convento Beneditino onde freiras estão prestes a dar à luz, no drama histórico Agnus Dei, de Anne Fontaine. O jovem e muito badalado ator Vincent Lacoste (Hipocrátes, Diário de uma Camareira), protagonista ao lado da atriz Julie Delpy, da comédia, Lolo, o Filho da Minha Namorada, dirigida pela própria atriz, completa a delegação francesa que participará de 
Como já é esperado pelo público, o festival exibirá ainda um grande clássico francês. O escolhido deste ano é o filme Um Homem e uma Mulher, de Claude Lelouch, em homenagem ao seu 50º aniversario de lançamento. O romance com Anouk Aimée e Jean Trintignant foi o vencedor da Palma de Ouro em 1966 e também do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e roteiro original no ano seguinte.
Para o incentivo à formação de novos públicos, ao todo, 20 cidades receberão as sessões educativas do Festival Varilux. E, como de costume, o evento terá sessões de democratização em espaços alternativos do Rio, São Paulo, Brasília e Belo Horizonte.




terça-feira, 31 de maio de 2016

Me casé con un boludo

Onde:
Cine Belas Artes
Horário:
16h30
19h
21h20


No caminho tinha...





 Tinha Luiz, Lucas,Pedro,
Raquel, Mauricio, Cris
Tinha campo de meninos
e camisas coloridas
Tinha montanhas, cachoeiras
das Maças, curva do Rio,
Trancado,
flores e rios
Tinha buteco,
cerveja gelada,
Tinha carne de panela,
banana verde frita
Tinha ponte velha,
tinha flor no cabelo
Tinha neblina
Tinha tudo....


Sim, foram 30...

Foram 30, 29,28,27,26,25,24,23,22,21,20,19,18,17,17,15,14,13,12,11,10,9,8,7,6,5,4,3,2,1. Tudo? sim, 30 homens sobre seu corpo frágil de mãe, menina, mulher.Da vila, na rua, do sonho, sem sonho, da dor, do terror. Do sangue. Sem dignidade. Sem respeito.E ela tem apenas 16 anos....e agora justiça?

Dica de Álvaro Gentil


Dilma volta

Murilo Rocha
Governo Temer já pode acaba

PUBLICADO EM 26/05/16 , Jornal OTempo
Se havia dúvidas ou vontade de não ver, agora não tem mais jeito. O impeachment da presidente eleita Dilma Rousseff (PT) foi uma grande farsa liderada no Congresso por partidos como PMDB e PSDB, com a conivência de parte do Judiciário, do empresariado e da imprensa. Entre os motivos: livrar-se de Dilma e do PT, assumir a Presidência e salvar a própria pele de eventuais desdobramentos da operação Lava Jato. A caracterização das pedaladas fiscais como crime de responsabilidade fiscal defendida por advogados, especialistas e jornalistas era uma falácia.

Não se trata de uma versão petista da história. O passo a passo da tramoia foi revelado pelos próprios conspiradores. As conversas gravadas, e agora divulgadas, entre o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e, principalmente, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), com o ex-diretor da Transpetro Sérgio Machado sugerem negociações para aprovar o impeachment a fim de arrefecer a Lava Jato. As investigações de desvios na Petrobras e em órgãos ligados a ela atingem Renan e Jucá e, segundo eles mesmos, se espalhariam por todo o Congresso, sobrando “só uns cinco ou seis” parlamentares.

Não há como legitimar ou dar credibilidade ao presidente provisório Michel Temer se seu governo tiver sido articulado a partir de uma fraude. Um dos artífices do impedimento de Dilma no Senado, Jucá, inclusive, foi premiado por Temer, como forma de gratidão, com um dos mais importantes ministérios, o do Planejamento. Não durou 12 dias no cargo, confirmando a gravidade do conteúdo das conversas grampeadas.

Não faz nenhum sentido ficar discutindo a aprovação de meta fiscal ou o novo plano econômico do governo interino quando toda a tramoia do impeachment vem à tona. Reconhecer Temer como presidente é insistir em sustentar uma farsa insustentável. A história cobrará esse preço. A resistência ao novo governo não está situada apenas no núcleo cultural e em movimentos sociais ligados ao PT. Ela vai muito além de um grupo de artistas e do MST, e só tende a crescer após os recentes escândalos e, principalmente, depois do esfolamento, pretendido pelos atuais ocupantes do Planalto, das parcelas mais pobres da população – vide corte de gastos na saúde e na educação previstos no recém-anunciado plano econômico.

Para além da ilegitimidade do governo provisório de Temer, ficam também uma série de dúvidas após as revelações dos áudios do ex-dirigente da Transpetro com senadores. Se as conversas foram gravadas em março, mesma época do grampo de Lula com Dilma divulgado de imediato e propositalmente pelo juiz Sergio Moro para barrar a posse do ex-presidente como ministro, por que só agora essas conversas envolvendo peemedebistas foram reveladas? O conteúdo das gravações, por certo, barraria o impeachment.

Também são estranhos o silêncio e a paralisia de Moro e do STF – especialmente de Gilmar Mendes e de Celso de Mello, outrora falantes – diante dos novos áudios. Por que os ministros do Supremo estavam “putos” com Dilma, conforme afirmou Renan? E, diabos, qual é o esquema do Aécio?




segunda-feira, 30 de maio de 2016

O bazardalena tá cheio de casaquinhos pra te aquecer no inverno. Do xadrez ao casaco de couro, veluto e brim. É assim, você marca o horário e eu te espero...








segunda-feira, 23 de maio de 2016

O blog rappadeangu está de volta. No formato de informativo semanal você vai encontrar nele dicas de lugares, livros, cinema. Artigos que foram destaque na semana ou artigo que você escreveu e quer colocar na roda. O país tá complicado, né? vamos falar da nossa resistência, da nossa luta nas ruas pela volta da democracia, da nossa presidente.  Você pode participar enviando artigos, fotos, dicas de lugares. Aquela cachoeira que você foi e amou? pode colocar na roda, prometemos não deixar lixo e nem roubar flores do seu caminho.Comida gostosa? mande sua receita também. Pesquisas, destaques, um beijo na Dilma, abraço no papa, no Chico Buarque... Hum, que delícia compartilharmos nossos momentos alegres, nossas aflições e esperanças.
Beijos
Lena Alves

Dica livro Alvaro Gentil



CASA DAS ESTRELAS: O UNIVERSO CONTADO PELAS CRIANÇAS

editora: FOZ

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sinopse: Durante mais de dez anos o professor Javier Naranjo guardou as definições que seus alunos do curso primário (entre 3 e 10 anos) davam para palavras, objetos, pessoas e, principalmente sentimentos, em suas aulas de espanhol. Algumas centenas destas definições estão reunidas em Casa das Estrelas. São poéticas, engraçadas, muitas vezes melancólicas. 

Livraria do Álvaro
Rua Domingos Vieira, 319
sala 1008
Bairro Santa Efigênia
Telefone: 25351901

domingo, 22 de maio de 2016

No caminho tem....











Flores das montanhas mineiras num dia de sossego...

Dica da semana: o FIT Começou...


O Festival Internacional de Teatro Palco & Rua de Belo Horizonte - FIT-BH acontece até 29 de maio e apresenta com mais de 70 atrações, entre espetáculos nacionais e internacionais (de oito países) e atividades afins ao universo das artes cênicas, distribuídas em teatros, espaços alternativos e, claro, pelas ruas, praças e parques da capital mineira.
E é justamente num espaço aberto – a Praça da Estação – que a maratona iniciou  com os franceses da Compagnie Off  e o seu “Les Girafes, Opérette Animalière”. Um espetáculo na acepção do termo, com direito a muita música, efeitos especiais, atores e, claro, as girafas citadas no título: gigantes, vermelhas e articuladas.

Artigo da semana: Anomalias no logo do governo Temer








Por Wilson Ferreira
Discursos podem mentir, mas as imagens não. Talvez porque a linguagem visual esteja próxima da lógica dos sonhos, ela pode revelar atos falhos e sintomas por trás dos simbolismos políticos e ideológicos. A marca visual criada pelo “novo” governo Temer pelo marqueteiro Elsinho Mouco obviamente é dominada por alusões aos simbolismos da bandeira nacional. Mas no meio do azul, verde, amarelo e branco saltam atos falhos análogos aos sintomas da psicanálise: estranhos domínios de cores, degrades e sólidos geométricos  que, comparando as sucessivas marcas de governos anteriores, de Collor a Dilma, tornam-se “anomalias”. Quando a propaganda política dá o salto para convencer corações e mentes pode cair e quebrar o pescoço, revelando as verdadeiras intenções escondidas pelos símbolos.
Discursos e documentos políticos são repletos de tergiversações, eufemismos, camadas e mais camadas de retórica que escondem as verdadeiras intenções. O que torna a linguagem verbal opaca e de difícil interpretação ou desconstrução.
 Ao contrário, produtos audiovisuais e imagens deixam transparecer atos falhos, índices, pistas que se revelam verdadeiros sintomas que podem traduzir o espírito do seu tempo.
Talvez porque as imagens trabalham com a mesma lógica dos sonhos: metáforas e metonímias ou “condensações e deslocamentos”, como Freud descrevia na sua interpretação dos sonhos.  Qualquer imagem (de fotografias ou pinturas até logotipos ou imagens publicitárias) operam por essa lógica onírica para conquistar corações e mentes. E nesse salto de propaganda para seduzir e convencer pode cair e quebrar o pescoço, deixando revelar atos falhos onde são reveladas as verdadeiras intenções.
Como toda peça de propaganda política, a marca ou identidade visual do “novo” governo do vice-agora-presidente-interino-em-exercício Michel Temer idealizada pelo marqueteiro Elsinho Mouco também nos mostra essa dupla lógica da imagem: quer ser uma metáfora, um símbolo de uma plataforma política. Mas também revela sintomas, deslocamentos metonímicos, atos falhos que demonstram intenções mais profundas – aquilo que o discurso político sempre quer esconder.

Por que o verde desapareceu?

Como simbolismo, a marca criada por Mouco trabalha com elementos da bandeira nacional como o círculo celeste e a faixa com o lema “ordem e progresso”. Como propaganda política, quer evidentemente transferir a dignidade dos simbolismos republicanos para um novo governo tornando suas intenções mais “nobres e legitimas”. Assim como todas as outras marcas dos governos que antecederam, de Collor a Dilma.
Duas coisas chamam inicialmente a atenção: primeiro, o desaparecimento da cor verde (limitada à letra do lema “ordem e progresso”) pela primeira vez no histórico das marcas dos sucessivos governos que sempre contemplaram todas as cores da bandeira nacional de forma equilibrada – como podemos observar na série abaixo; e segundo, o domínio na composição da cor azul em degradê e do círculo celeste transformado em sólido geométrico que parece pairar muito próximo sobre a palavra “BRASIL” desenhada em extrusão (convertido de 2D para 3D), em perspectiva como se estivesse colocada em uma superfície sobre a qual paira o sólido.
O interessante na percepção em semiótica são as chamadas “dominantes” seja de cor, textura, forma. Nesse caso temos a dominante da cor azul em degradê. Por que esse desequilíbrio na aplicação das cores da bandeira nacional olhando a série histórica das marcas? Estamos diante de um sintoma?
No simbolismo das cores o azul é a cor masculina – e ainda no contraste com o branco passaria os significados de “inteligência”, “racionalidade” e “concentração”, significados que no âmbito do senso comum seriam qualidades exclusivamente masculinas, contrastando com a “emotividade” feminina – leia HELLER, Eva, Psicologia das Cores, GG Brasil, 2012.

A nostalgia retro-futurista

Muitos analistas veem no ministério formado por Temer um retrocesso – eminentemente masculino, branco e rico, num país marcado pela diversidade étnica. Coincidência ou sintoma? O processo criativo da marca inconscientemente expressou essa realidade?
Mas se a cor em si é um simbolismo, o degrade é uma metonímia: dá uma aspecto 3D a dimensão plana onde repousa as palavras “Brasil Governo Federal” e confere volume à esfera azul. Se o azul expressaria um “retrocesso” (masculinização e homogeneidade étnica), esse efeito em 3D lembra outra coisa antiga: a estética “platinada”, metálica e artificial de Hans Donner. 
A primeira impressão que se tem quando bate os olhos na marca é a velha identidade da TV Globo que marcou a emissora por décadas criada pelo designer austríaco nos anos 1970: mulheres metálicas e sólidos geométricos voando em círculos no vazio onde o efeito em degrade dava um aspecto de maior profundidade para o movimento das formas.
Nos anos 1970 os movimentos futuristas de esferas, cones e pirâmides na seminal computação gráfica das vinhetas criadas por Hans Donner dava uma atmosfera de “modernidade” para  uma nova classe média que surgia no chamado “Brasil Grande” no Milagre Econômico da Ditadura Militar.  
O retro-futurismo de Hans Donner
Depois de décadas esse retro-futurismo tornou-se tão brega que a própria TV Globo abandonou a identidade visual space opera de Donner adotando uma estética mais “orgânica”: logos com desenhos em contornos estilo “hand shop”, bancadas  e cenários dos programas abandonando o visual espaçonave para adotar pisos que simulam tábuas de madeira e uma paleta de cores sem mais o brilho metálico.
A classe média já não era mais a mesma dos anos 1970, mas agora a da Classe C com novos hábitos de consumo representado pelo “funk ostentação”.










Mestre em Comunicação Contemporânea pela Univ. Anhembi Morumbi. Doutorando em Meios e Proc. Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Univ. Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comun. Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.