rapa de angu é um bom tira gosto - foto da Leticia Caetano

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

No caminho tinha...


terra vermelha
curva de estrada
No caminho
tinha placa
de bar
mas nenhuma
cerveja
No caminho
tinha fazenda
porquinho
tomando
banho
quem diria
roseira
que te
quero rosa
No caminho
tinha
água na pedra
banho
mergulho
sensação
leveza
cachoeira
rio
jambo
doce
No caminho
tinha
sexo dos
bichinhos
na pedra quente
do rio
No caminho
tinha
pedra grande
quebrada
no tempo
carro agarrado
na terra
molhada
No caminho
tinha
muitos
desejos...









Prisão de José Dirceu: vitória da hipocrisia - jornalista Eric Nepomuceno

A ideia era transformar José Dirceu num caso exemplar e exemplarisante da Justiça. Chegaram lá: é a vitória da grande hipocrisia que impera no país.


Pouco antes das seis da tarde do sábado passado, um avião da Polícia Federal aterrissou no aeroporto de Brasília, levando os condenados pelo Supremo Tribunal Federal para começar, de imediato, a cumprir as sentenças recebidas. Três horas mais tarde, foram conduzidos à Penitenciária da Papuda. Entre os presos, havia de tudo – da herdeira de um banco privado a um publicitário dado a práticas heterodoxas na hora de levantar fundos para campanhas eleitorais. Práticas essas, aliás, testadas e comprovadas na campanha do tucano Eduardo Azeredo, em Minas Gerais, em 1998.

Lembro bem, porque trabalhei nessa campanha, sob as ordens do sempre presente e ativo Duda Mendonça. E fui pago.  

Mas a imagem que importava era outra: era a de José Dirceu, talvez o mais consistente quadro ativo da esquerda brasileira, e de José Genoíno, o antigo guerrilheiro que chegou a presidir o PT, sendo presos. Essa a imagem buscada, essa a imagem conseguida.

Terminou assim a etapa mais estrondosa de um processo que começou, se desenvolveu e permaneceu vivo o tempo todo debaixo de uma pressão mediática praticamente sem antecedentes neste país de memória esquiva e oblíqua.

Durante meses, com transmissão ao vivo pela televisão, intensificou-se o atropelo de princípios elementares da justiça. E mais: foi aberto espaço para que vários dos magistrados máximos do país pudessem exibir seu protagonismo histriônico e singular, e no final chegou-se a sentenças próprias do que foi esse julgamento: um tribunal de exceção.
   
Jamais foram apresentadas provas sólidas, ou mesmo indícios convincentes, da existência do ‘mensalão’, ou seja, da distribuição mensal de dinheiro a parlamentares para que votassem com o governo de Lula.

O que sim houve, e disso há provas, evidências e indícios de sobra, foi o repasse de recursos para cobrir gastos e dívidas de campanha. Aquilo que no Brasil é chamado de ‘caixa dois’ e que é parte intrínseca de todos – todos – os partidos, sem exceção alguma, em todas – todas – as eleições.

Claro que é crime. Mas um crime que deveria ser tratado no âmbito do Código Eleitoral, e não do Código Penal.

Há absurdos fulgurantes nessa história, a começar pelo começo: o denunciante do esquema do tal ‘mensalão’ chama-se Roberto Jefferson, que pode ser mencionado como exemplo perfeito de qualquer coisa, menos de honradez no trato da coisa pública.

Ávido e famélico por mais e mais prebendas, além das admitidas na já muito flexível prática da política brasileira, foi freado por José Dirceu, na época poderoso ministro da Casa Civil. A vingança veio a galope: Jefferson denunciou a presença do ‘carequinha’ que levava dinheiro a políticos em Brasília.

Atenção: na época, o próprio Jefferson admitiu que tinha levado a metade, apenas a metade, dos milhões prometidos para cobrir dívidas de campanha eleitoral, repassados pelo tal ‘carequinha’, o publicitário Marcos Valério, que – vale reiterar – tinha testado esse mesmo esquema em Minas, em 1998, na campanha do tucano Eduardo Azeredo.

E acusou Dirceu, o mesmo que havia bloqueado seu apetite inaudito, de ser o responsável pelo esquema.

A entrevista de Roberto Jefferson ao jornal ‘Folha de S.Paulo’ foi o combustível perfeito para a manobra espetacular dos grandes conglomerados mediáticos do país, que desataram uma campanha cuja dimensão não teve precedentes. Nem mesmo a campanha sórdida de ‘O Globo’ contra Brizola teve essa dimensão.

O resultado é conhecido: caíram Dirceu e, por tabela, José Genoino. Duas figuras simbólicas de tudo que o conservadorismo endêmico deste país soube detestar com luxo de detalhes.
Todo o resto foi e é acessório. Fulminar Dirceu, devastar a base política de Lula, tentar destroças sua popularidade e impedir sua reeleição em 2006 foram, na verdade, o objetivo central.

Acontece que em 2006 Lula se reelegeu, e em 2010 ajudou a eleger Dilma. E José Dirceu se transformou no alvo preferencial da ira anti-petista em particular e anti-esquerda em geral.
Ele foi condenado, pelo grande conglomerado dos meios de comunicação, no primeiro minuto do primeiro dia, muito antes do julgamento no STF. A própria denúncia apresentada pelo inepto procurador-geral da República, Antônio Silva e Souza, depois aprofundada pelo rechonchudo Roberto Gurgel, é um compêndio de falhas gritantes.

Mas, e daí? Transformou-se na receita ideal para o que de mais moralóide e hipócrita existe e persiste na vida política – e, atenção: judiciária – deste pobre país.

A manipulação feita pelos meios de comunicação, alimentada por uma polpuda e poderosa matilha de cães hidrófobos, fez o resto.  

Entre os acusados existe, é verdade, uma consistente coleção da malandrões e malandrinhos. Mas o objetivo era outro: era Dirceu, era Genoíno. Era Lula, era o PT.
Foram condenados, entre pecadores e inocentes, por uma corte suprema que abriga alguns dos casos mais gritantes de hipertrofia de egos em estado terminal jamais vistos no país, a começar pelo seu presidente.

Dirceu e Genoino foram condenados graças a inovações jurídicas, a começar pela mais insólita: em vez de, como rezam os preceitos básicos do Direito, caber aos acusadores apresentar provas, neste caso específico foi posta sobre seus ombros provarem que não tinham culpa de algo que jamais se pôde provar que aconteceu.

É curioso observar como agora ninguém parece recordar que Roberto Jefferson teve seu mandato cassado por seus pares porque não conseguiu provar que aconteceu o que ele denunciou.

Anestesiada e conduzida às cegas pelo bombardeio inclemente e sem tréguas dos meios hegemônicos de comunicação, a conservadora e desinformada classe média brasileira aplaudiu e aplaude esse tribunal de exceção. Aplaude as sentenças ditadas ao atropelo do Direito como se isso significasse o fim da corrupção endêmica que atravessa todos – todos, sem exceção – governos ao longo de séculos.

A ideia era transformar José Dirceu num caso exemplar e exemplarisante da Justiça.
Chegaram lá: é a vitória da grande hipocrisia que impera no país.

O Supremo Tribunal Federal não se fez tímido na hora de impor inovações esdrúxulas.

Afinal, uma única coisa importava e importa: a imagem de José Dirceu e José Genoino sendo presos.

Para o conservadorismo brasileiro, era e é como uma sobre-dose após tempos de abstinência aguda.

Carros tem prioridade em BH

Carros por toda a parte na cidade- ruas, avenidas, praças, passeios. Garagens, passeios, canteiros. Uma invasão na privacidade do cidadão. Ruas que normalmente eram tranquilas viraram um concentrado de buzinas nervosas. Hora de chegar, hora de sair, de entrar. Lá estão eles, placas de vários lugares, números pares, ímpares. Às vezes um carro velho enguiçado complica mais ainda. Mais buzinas, mais gente nervosa. Não dá para esperar. Eles querem chegar rápido.Na minha rua, perto da Savassi, é impossível até de caminhar. Se por acaso convidar algum amigo de carro, desista, ele não vai encontrar vaga. Aconselhe-o a vir de táxi. Política para melhorar? não tem. E como diz os especialistas: Belo Horizonte prioriza o veículo particular em vez de investir em transporte público. Claro, para as autoridades públicas no assunto, assim gasta menos. Direito do cidadão? ora, há muito isto deixou de existir na cidade. Nada que seja participativo, a volta do autoritarismo sem participação popular. É. A
té o Orçamento Participativo acabou.

Zeca convida




Espero por vcs, dia 3/12 a partir das 19h, no Judith Café, rua Padre Marinha 112, Sta. Efigênia,
 obrigado e até lá!

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Tô de olho em BH


Quanta vale a memória de Belo Horizonte? um real, mil reais, quatro mil reais.Quanto vale ás árvores, o jardim, as flores que embelezam o jardim? as janelas antigas, os pássaros que cantam pela manhã, alegrando nossa caminhada pelas ruas da cidade. É ali, na rua simpática da Savassi, na Fernades Tourinho. Quanto vale o ar puro, o passeio pelas ruas da cidade e curtir as moradias que nos remetem a década de 40, 50? histórias e mais histórias que aos poucos vão para o chão, que aos poucos vão sendo massacradas pelos tratores para uma nova construção. Mais um arranha céu que vai afastar os pássaros, cortar as árvores. Mais um arranha que vai nos impedir de respirar melhor, que vai possibilitar mais calor, mais carros e infernizar mais ainda a cidade. Uma cidade sem memória não é uma cidade, não é bem querer. Cimento nas raízes das árvores que durante tanto tempo nos protegeu do sol, da chuva. Qualquer hora vai tudo virar pó, poluição, que porcaria...

Festival do filme documentário e etnográfico - forumdoc

Até o dia primeiro de dezembro,
 os amantes do cinema tem
 encontro marcado no
festival do filme
 documentário e etnográfico
 que desta vez vai
 acontecer na
sala Humberto Mauro,
Cine 104 e no campus da Ufmg.
Acontece também debates e oficinas.
Mais informações
 www.forumdoc.org.br

Dica: uma livraria: "Asa de Papel"

BH ganha mais
um espaço de leitura, 
encontro com amigos, café. 

É o "Asa de Papel", 
do livreiro Alvaro 
com as novidades e 
lançamentos para 
quem quer ficar 
atualizado. 
 
O ponto é ótimo - 
bairro Santa Efigenia, 
final da rua Piauí - 
fechada, com praça, 
pista para bicicleta 
e muita gente bonita. 

Funcionando desde 
o dia 20, o novo 
espaço promete. 

Olha a galera: 
Marcelo Xavier, 
Toninha, 
Napoleão, 
Inês, 
Calu, 
Beth, 
Claúdio, 
Izabela, 
Marina e mais 
um tanto de gente legal.







quinta-feira, 14 de novembro de 2013

No caminho tinha....

árvores amarelas de formatos
diversos
amarelo girassol
amarelo do sol
do céu
No caminho tinha
montanhas


tênis branco
pendurado


No caminho tinha
árvore
que seu olhar não
perde
somente seu olhar
na espreita
no silêncio
no fascínio
de tudo

de nada
Dos frutos
grudados nas
árvores
como num abraço
de paixão
tesão
Orquídias
lilás
belas
como encantam
te encantam
suas mãos buscam
o clic da
máquina,
rápido
momento
único
você
consegue
esperto
o peixe
pequeno te
olha
e mergulha de
novo
na lagoa
no escuro
seus olhos
olhos
seu dedo
esperto de novo
clicou
ficou...













Sei muito bem o que me faz bem - Marta Medeiros





Acho a maior graça. 

Tomate previne isso,cebola previne aquilo, chocolate faz bem, chocolate faz mal, um cálice diário de vinho não tem problema, qualquer gole de álcool é nocivo, tome água em abundância, mas não exagere... 

Diante desta profusão de descobertas, acho mais seguro não mudar de hábitos. 

Sei direitinho o que faz bem e o que faz mal pra minha saúde. 

Prazer faz muito bem. 
Dormir me deixa 0 km. 
Ler um bom livro faz-me sentir novo em folha. 
Viajar me deixa tenso antes de embarcar, mas depois rejuvenesço uns cinco anos. 
Viagens aéreas não me incham as pernas; incham-me o cérebro, volto cheio de idéias. 
Brigar me provoca arritmia cardíaca. 
Ver pessoas tendo acessos de estupidez me 
embrulha o estômago. 
Testemunhar gente jogando lata de cerveja pela janela do carro me faz perder toda a fé no ser humano. 
E telejornais... os médicos deveriam proibir - como doem! 
Caminhar faz bem, dançar faz bem, ficar em silêncio quando uma discussão está pegando fogo, 
faz muito bem! Você exercita o autocontrole e ainda acorda no outro dia sem se sentir arrependido de nada. 
Acordar de manhã arrependido do que disse ou do que fez ontem à noite é prejudicial à saúde! 
E passar o resto do dia sem coragem para pedir 
desculpas, pior ainda! 
Não pedir perdão pelas nossas mancadas dá câncer, não há tomate ou mussarela que previna. 
Ir ao cinema, conseguir um lugar central nas fileiras do fundo, não ter ninguém atrapalhando sua visão, nenhum celular tocando e o filme ser espetacular, uau! 
Cinema é melhor pra saúde do que pipoca! 
Conversa é melhor do que piada. 
Exercício é melhor do que cirurgia. 
Humor é melhor do que rancor. 
Amigos são melhores do que gente influente. 
Economia é melhor do que dívida. 
Pergunta é melhor do que dúvida. 
Sonhar é melhor do que nada!




Dica de cinema: Lore

Direção: Cate Shortland
Ano: 2012
País: Alemanha / Austrália / Reino Unido 
Classificação: 16 anos
Duração: 1h49 

Elenco: Saskia Rosendahl, Nele Trebs, André Frid, Mika Seidel, Kai Malina, Mika Nilson Seidel 

Sinopse: Abandonada com seus irmãos mais novos depois que os pais nazistas são presos, Lore conduz o que resta de sua família por uma Alemanha arrasada pela guerra em 1945. Para sobreviver, as crianças têm que chegar até a casa de sua avó no Norte, mas, em meio ao caos de uma nação derrotada, Lore encontra o intrigante e misterioso Thomas, um jovem refugiado judeu. Indesejado, malquisto, Thomas os segue e Lore vê sua frágil realidade ser destruída tanto por sentimentos de ódio quanto de desejo. Para viver, ela tem que confiar em alguém que aprendeu a odiar. E, conforme as consequências das crenças e ações de seus pais tornam-se aparentes, Lore também tem que começar a encarar a escuridão dentro de si mesma.




BELAS ARTES CINEMA 1
14h40 17h 19h10 21h20

Mamãe faz 80 anos




Pronto, rápidinho ela chegou aos 80 anos. A pele continua lisa, limpa, corada. Os cabelos, numa mistura de branco do tempo e de amarelo da tinta, sempre foram poucos e por isto, um coque com um pingente dourado sempre dá um super charme no penteado de última hora. Sua energia é contagiante. Vai prá praia, pro mato, piscina. O corpo está meio cansado e os pés não acompanham sua caminhada – resultado de uma queda no passeio da casa. E lá está ela com quatro parafusos incomodando e, como incomoda, até prá tomar sol. Ela diz que esquenta. Mas é assim mesmo. A cervejinha gelada que até então foi sua parceira constante, hoje foi substituída pela cerveja sem álcool – uau, que gosto ruim. Ela não se importa – tá tomando muito remédio e não pode misturar com o alcool. Fazer o que, né? Mulher arretada, desde os 15 anos encarou o trabalho, se embrenhou pela educação.  Durante quinze anos ensinou o b-a-ba. Depois virou Secretaria Executiva, conta orgulhosa. O pai era político e como era contra o governador na época, teve de deixar a sala de aula.Apaixonou-se pelo primeiro homem que conheceu e deu o primeiro beijo na boca no dia em que se casou. Histórias sem fim. De adrenalina. Ela conta que o pai não queria o namoro porque ela era muito menina. Não adiantou. Paixão é assim. Eu via ele e ficava louca, conta. Ela lembra também de um vestido cor de rosa com uma violeta de verdade na gola. Tinha 14 anos. Foi para uma festa e ele estava lá, a paixão. Coração acelerou. Não sabia que ia vê-lo tão cedo. Aconteceu. Mas a emoção não durou muito. O pai castigou. Rasgou o vestido, ela conta. Lembra da violeta despetalando  no ar, caindo no chão. Sofri muito, conta. Mas ela sorri. Lembra das dificuldades de uma mulher de 20 anos separada, na época, com quatro filhos. Era década de 50/60. Era mulher mal vista pelas outras mulheres. Não tinha amigas por isto. E ela continuou seu caminho. Trabalhando de 7  às 10 da noite. Tinha que comprar roupa e comida para as quatro bocas. Moravam na casa do seu pai, em Santa Efigênia, conta.  Casou e casou de novo. Foi bom, sempre fui uma mulher apaixonada, ela lembra. E agora, aos 80? Quero amar mais, voltar a tomar minha cervejinha gelada e viajar, ah, como gosto de uma boa viagem.
Parabéns dona Eclair!