rapa de angu é um bom tira gosto - foto da Leticia Caetano

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Mamãe faz 80 anos




Pronto, rápidinho ela chegou aos 80 anos. A pele continua lisa, limpa, corada. Os cabelos, numa mistura de branco do tempo e de amarelo da tinta, sempre foram poucos e por isto, um coque com um pingente dourado sempre dá um super charme no penteado de última hora. Sua energia é contagiante. Vai prá praia, pro mato, piscina. O corpo está meio cansado e os pés não acompanham sua caminhada – resultado de uma queda no passeio da casa. E lá está ela com quatro parafusos incomodando e, como incomoda, até prá tomar sol. Ela diz que esquenta. Mas é assim mesmo. A cervejinha gelada que até então foi sua parceira constante, hoje foi substituída pela cerveja sem álcool – uau, que gosto ruim. Ela não se importa – tá tomando muito remédio e não pode misturar com o alcool. Fazer o que, né? Mulher arretada, desde os 15 anos encarou o trabalho, se embrenhou pela educação.  Durante quinze anos ensinou o b-a-ba. Depois virou Secretaria Executiva, conta orgulhosa. O pai era político e como era contra o governador na época, teve de deixar a sala de aula.Apaixonou-se pelo primeiro homem que conheceu e deu o primeiro beijo na boca no dia em que se casou. Histórias sem fim. De adrenalina. Ela conta que o pai não queria o namoro porque ela era muito menina. Não adiantou. Paixão é assim. Eu via ele e ficava louca, conta. Ela lembra também de um vestido cor de rosa com uma violeta de verdade na gola. Tinha 14 anos. Foi para uma festa e ele estava lá, a paixão. Coração acelerou. Não sabia que ia vê-lo tão cedo. Aconteceu. Mas a emoção não durou muito. O pai castigou. Rasgou o vestido, ela conta. Lembra da violeta despetalando  no ar, caindo no chão. Sofri muito, conta. Mas ela sorri. Lembra das dificuldades de uma mulher de 20 anos separada, na época, com quatro filhos. Era década de 50/60. Era mulher mal vista pelas outras mulheres. Não tinha amigas por isto. E ela continuou seu caminho. Trabalhando de 7  às 10 da noite. Tinha que comprar roupa e comida para as quatro bocas. Moravam na casa do seu pai, em Santa Efigênia, conta.  Casou e casou de novo. Foi bom, sempre fui uma mulher apaixonada, ela lembra. E agora, aos 80? Quero amar mais, voltar a tomar minha cervejinha gelada e viajar, ah, como gosto de uma boa viagem.
Parabéns dona Eclair!

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