CARTA DE REPÚDIO
CARLA ALVES
No dia 9 de agosto, fui exonerada de cargo em comissão que ocupava porque, quando questionada por meus superiores, informei que faria campanha (claro que fora do expediente) para Patrus Ananias.
Embora lamente saber que o critério utilizado pela atual administração da PBH para manter e exonerar os servidores dos cargos se limita a quem você apoia nas eleições e que meus 19 anos dedicados ao serviço público municipal e minha experiência profissional, bem como meus cursos e minhas pós-graduações, de nada adiantem como avaliação, posso entender que os cargos são de livre nomeação do Sr. Prefeito e que ele os usa de acordo com sua consciência e ética.
O que não posso aceitar, como servidora e cidadã, é o que me ocorreu ontem, dia 27 de agosto. Fui procurada durante meu horário de trabalho na PBH, no Comitê do Candidato a Prefeito Patrus Ananias, por um senhor que se dizia chamar João Batista (alusão ao Presidente Figueiredo, do SNI?). Esse senhor fez diversas perguntas aos funcionários e militantes do Comitê, indagando a que horas eu chegava lá, onde podia me encontrar, quanto tempo ficava no comitê por dia e se estava sendo paga.
Esclareço a esse senhor e a quem o mandou lá, o seguinte:
1. Se tivesse me procurado na Gerência de Programas de Transferência de Renda, na Regional Leste, onde estou lotada, saberia que das 8 às 14 horas, qualquer pessoa pode me encontrar trabalhando lá, como servidora pública concursada que sou.
2. Não faço uso da máquina pública, como alguns colegas que fazem campanha para o Sr. Prefeito e que não comparecem ao local de trabalho por dias seguidos e semanas inteiras.
3. Depois do horário de trabalho, faço da minha vida o que quiser; voto em que eu quiser; faço campanha para quem quiser. SOU VOLUNTÁRIA DA CAMPANHA DO PATRUS ANANIAS, SIM.
4. Embora o prefeito tenha dito à imprensa que só demitiu os incompetentes, tenho 19 anos de dedicação a essa prefeitura, sempre com ótimas avaliações de desempenho feita pelos meus superiores e meus pares e reconhecimento pelos serviços prestado à municipalidade. Inclusive, muitas políticas públicas na área social da PBH e do Governo Federal tem contribuição minha.
5. Não sou moleque, não sou criança e exijo respeito como servidora pública concursada que sou e como cidadã. Respeito aqueles que votam em outros candidatos e exijo o mesmo respeito comigo.
6. Talvez exista dificuldade para algumas pessoas entenderem que vivemos um uma democracia, mas tenho meus direitos assegurados pela Constituição Federal e, portanto, não aceito ser perseguida.
7. Deixo público que, se outro fato como esse acontecer, entrarei com ação na justiça, por assédio moral e adianto que isso nada terá a ver com partidos políticos (nem mesmo sou filiada a nenhum partido) e sim com a indignação pela violação de meus direitos constitucionais.
Conclamo meus colegas de Prefeitura a pensarem a que ponto chegou o desrespeito ao nosso trabalho. Temos visto nos últimos dias uma série de ações por parte de nossos chefes, que a todo custo querem se manter em seus empregos e que para isso perdem a noção da diferença entre público e privado. Temos sido convocados para bandeiraços na hora do almoço e atividades dentro de equipamentos públicos, em horário de trabalho, com intimidação para os que não comparecerem. Estamos sendo vigiados em tempo integral, a ponto de alguns colegas não quererem ser vistos com quem está identificado com outro candidato, por medo de represália. Esse é o momento que vivemos.
Por último, acho que passadas as eleições, ganhe quem ganhar, temos que discutir formas de fortalecer as categorias profissionais da PBH para que não fiquemos mais nas mãos de chefes inescrupulosos.
Eu, de minha parte, afirmo que se não votasse em PATRUS ANANIAS por acreditar no político e gestor que ele é, votaria por esse único motivo: mostrar que não se trata servidor público com cabresto. E se de todo Patrus não fosse candidato, apoiaria Maria da Consolação, Tadeu Martins ou Vanessa Portugal, mas nunca Márcio Lacerda, um homem que não conhece a palavra DEMOCRACIA.
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