rapa de angu é um bom tira gosto - foto da Leticia Caetano

terça-feira, 5 de julho de 2011

Que lindo buquê...





Belo Horizonte me provoca uma sensação de pertencimento. Não consigo deixá-la, então, o que fazer se não amá-la? Adoro caminhar pelas ruas e descobrir as casas antigas ( que ainda não foram derrubadas, mas sei que o seu fim está próximo), subir a avenida Álvares Cabral e encarar um cavalo de metal perto do museu Inimá de Paula, chegar na Praça Sete e me perder na multidão que se aglomera em torno do vendedor de remédio que anuncia " uma gota aumenta a ereção, duas arruma marido e três tira o encosto". Descer a Avenida Amazonas e suspirar pelo antigo Cine Brasil que está em reforma, onde passei minha infância me deliciando com os filmes das sessões da tarde nos domingos. Na praça da Estação me acomodo no banco de ferro, assim como várias pessoas que esperam , descansam ou simplesmente apreciam o espaço. Me lembrei de belos momentos democráticos e musicais que vivi ali . Do bar que existia no prédio da Praça da Estação onde a gente se deliciava e apreciava o trem que chegava e partia levando nosso minério em troca de chicletes ( diziam alguns) ou passageiros com suas malas cheias de sonhos para um encontro ou um novo começo de vida. Ali a gente dançava ao som de um Lobão raivoso e lindo que cantava “ blá, blá, blá eu te amo”e dos Titãs que protestavam contra a polícia, a família. Ali o Lula fez seus comícios a caminho da presidência, ali iniciou a democracia. Caminho lentamente pela história da cidade que felizmente está um pouco preservada naquela região.Mas é triste não poder mais acompanhar a chegada e a partida dos trens e conviver com o cimento branco e frio que se tornou a Praça da Estação. Volto para meu bairro, o Cruzeiro, e subo a Grão Mogol. Mais uma casa antiga, da década de 60 que não vai ficar para contar sua história. O que me deixa triste é o fato de BH ser uma das capitais mais nova do país e também a mais destruída, sem memória. O bairro Sion nem se fala, nem mesmo o Plano Diretor está sendo respeitado. A sensação que tenho é que a cada dia ela se perde mais e se transforma numa cidade de enormes prédios, numa cidade fantasma. Mas no meio de tanta destruição seu aconchego está preservado.O que mais gosto é da feirinha das Flores com suas árvores imensas, a magia das cores e a barraca do seu José onde às vezes vendo flores."Olha que lindo buquê..."

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