segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Quem sou?
Sou muito especial. Minha tecnologia é insuperável. Funciono sem fios, bateria, pilhas ou circuitos eletrônicos. Sou útil até mesmo onde não há energia elétrica. E posso ser usado mesmo por uma criança: basta abrir-me. Nunca falho, não necessito de manual de instruções, nem de técnicos que me consertem. Dispenso oficinas de ferramentas. Através de mim as pessoas viajam sem sair do lugar. Não é fantástico? Basta abrir-me e posso levá-las a Roma de Césares ou à India dos brâmanes, aos estúdios de Hollywood ou ao Egito dos faraós, ao modo como as baleias cuidam de seus filhos e aos paradoxos dos buracos negros. Sou feito de papiro, pergaminho, papel, plástico e, hoje, existo até como matéria virtual. Posso ensinar qualquer idioma: tupi, grego, chinês ou russo. Para utilizar-me, a pessoa escolhe o lugar mais confortável: cama, sofá da sala, tamborete da cozinha, degrau da escada ou banco do ônibus. Trago a ela os poemas do Fernando Pessoa e os salmos da Bíblia. Revelo a quem me procura o que for de seu interesse como cuidar do jardim ou detalhes da Guerrra do Paraguai: a incrível paixão entre Romeu e Julieta ou a atribulada vida amorosa de Elvis Presley. Pode-se estar comigo e, ao mesmo tempo, ouvir música ou viajar de trem, navio ou avião, sem necessidade de pagar a minha passagem. Sou transportável, manipulável e até descartável. Sem mim, a humanidade teria perdido a memória. Sou uma obra de arte, dependendo de como os meus autores tecem e bordam as letras que preenchem as minhas páginas.
Livre e lido, sou livro.
Frei Betto, escritor.
O livro vive
No meio do mau agouro de que o livro de papel está acabando, as editoras brasileiras exibiram um crescimento de vendas, ano passado, em torno de 10% em relação a 2009. Viva!
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