sexta-feira, 2 de novembro de 2012
BH sem memória
Estou de olho nestas casas, portas, janelas e varandas.Nos rococós, nas bainhas das pilastras. Estou de olho na desumanização da cidade, nos espigões que enfeiam e entristecem os horizontes. Estou de olho na falta de memória, na falta de árvores que emanavam cheiros das suas flores que nasciam na primavera. Estou de olho nos viadutos sujos, nos carros se multiplicando nas ruas e no calor emanando do asfalto. A impressão é de que estamos pisando em tochas de fogo. Estou de olho no vento aprisionado pelos espigões que agora não circulam mais. Com o calor que invade nossas casas, quartos, salas. Estou de olho no homem do Japão que inventou o ar condicionado pra usar dentro da camisa para refrescar o corpo. Estou de olho na falta da consciência, dos direitos, dos amores. Estou de olho no mercado do Cruzeiro. Continuam querendo construir um hotel no local. A cada manhã, numa caminhada, uma casa é derrubada na rua Maranhão, Ceará, Piuim, Leopoldina, Afonso Pena, rua do Ouro. Na avenida do Contorno, na Prudente de Morais. Fico de olho e tento clicar o que num segundo que vai deixar de existir e, do lado da ruína , um trator já está de prontidão. Entra o velho, saí o novo. Saí a história, fica o vazio.
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Isso dá um curta, ou um longa... Bora escrever um projeto em 2013?
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